Política e Ambiente Profissional: Até que ponto podemos misturar os dois?

Política e Ambiente Profissional: Até que ponto podemos misturar os dois?

Não é de agora que o tópico: política, está em voga na maioria das discussões travadas em todo Brasil, o motivo, a iminência das eleições de 2022.

Os últimos meses vêm sendo marcados pela constante preparação para as eleições de vários cargos dos poderes Executivo e Legislativo, que ocorrerá neste dia 2 de outubro. E neste clima político, muito se tem falado sobre a importância para o indivíduo de exercer a sua cidadania, seja nas redes sociais, com o incentivo aos jovens para tirar o título de eleitor, ou nas rodas íntimas de amigos compartilhando suas opiniões sobre o cenário político atual e futuro.

De fato, o exercício da cidadania através do voto é uma conquista histórica marcante que deve ser enaltecida e honrada atemporalmente, afinal o voto é uma conquista de países democráticos que se consolidou como um dos mais importantes direitos igualitários ao longo dos dois últimos séculos. Mas aqui a questão é outra.

A discussão que vai se desenrolar ao longo deste artigo diz respeito a um questionamento mais complexo, que possui como tema central avaliar a pertinência de trazer os debates políticos para o ambiente profissional.

Neste sentido, existe, atualmente, uma certa ponderação em muitas empresas sobre essa questão, de se os debates políticos têm algum lugar em ambientes profissionais. Algumas pessoas pensam que se quisermos mudar o mundo e criar uma sociedade mais livre e justa, devemos promover espaços seguros para o debate sobre o exercício da cidadania. Mas outros, acham que não é apropriado discutir política no trabalho porque ela cria desunião e, portanto, dificulta a produtividade.

Logo, é fácil entender que há uma divergência de opiniões quanto ao tema e que para achar nossa resposta, vamos precisar cavar um pouco mais fundo.

Política Não Se Discute

Para ir além neste assunto, primeiro precisamos entender uma crença geral há muito disseminada na nossa sociedade, que é baseada na famosa frase: “Existem três coisas que não se discute em hipótese alguma, religião, política e futebol”. Quem nunca ouviu pelo menos uma variação dessa frase, não é mesmo?

Essa é uma daquelas “dicas de ouro” que recebemos, normalmente de uma figura mais velha, que dita quase que uma regra de etiqueta social. E, independentemente, se você já parou para pensar nela ou não, pode-se dizer que é uma afirmação bem prudente e que realmente tende a evitar desgastes sociais. Mas por que será que isso acontece?

A resposta é bem simples até, o caso é que não importa o grupo social no qual você interagir, seja familiar, profissional ou amigável, estes temas sempre serão passionais, e, portanto, podem rapidamente fugir ao racional, levando a atitudes extremas e exageradas, especialmente quando existe algum tipo de discordância.

E é essa eloquência recorrente nos temas citados que cria um precedente inibidor, onde, em grande maioria, as pessoas acabam preferindo não criar perturbações a partir de conversas provenientes destes tópicos.

Porém, ao mesmo tempo que essa etiqueta social segue vigorando em situações presenciais, a internet caminha no sentido contrário. Pois, nas redes, é bem comum de se ver debates acalorados e intensos entre internautas sobre os mais diversos assuntos, inclusive a tríade de tópicos proibidos. No entanto, tais discussões tendem a ser infrutíferas de todo modo.

Logo, com base nessa análise, não seria lógico presumir que não existe vantagem em estabelecer tais debates?

Não necessariamente. O que podemos de fato concluir dessas observações é que as pessoas não sabem estabelecer discussões de forma saudável e desconhecem o diálogo pautado na troca de argumentações de maneira ordenada e respeitosa. Ou seja, há um déficit intelectual no que tange ao exercício da escutativa de outras opiniões.

Levando isso em consideração, o que realmente constitui um problema na promoção de debates tidos como polêmicos, é a falta de interesse por qualquer opinião contrária, e tal problema vai muito além de tópicos específicos de debate, e inclusive afeta diretamente o clima de convivência organizacional de qualquer empresa.

Vale lembrar também que, as empresas estão inseridas em nossa sociedade, e movimentos políticos, em geral, têm consequências diretas ou indiretas sobre a economia, e, portanto, sobre as empresas.

Prós e Contras

Há prós e contras em trazer discussões políticas para o ambiente profissional. Embora seja importante exercer a cidadania, você também deve considerar como as discussões políticas podem ter impacto em seu ambiente de trabalho.

Sendo assim, é importante lembrar que a política nunca está fora dos limites e ao se envolver em conversas políticas, você está exercendo seus direitos como cidadão. Mas, você também deve estar ciente dos sentimentos dos outros sobre essas questões. Você pode discordar politicamente de seus colegas de trabalho, mas isso não significa que você não possa respeitá-los como indivíduos ou profissionais.

As pessoas que apoiam trazer discussões políticas para o local de trabalho argumentam que devemos exercer nossa cidadania, prestando atenção ao que está acontecendo em nosso governo e assegurando que estamos nos envolvendo em nossas comunidades. Também dizem que esses debates podem ter um efeito positivo no local de trabalho ajudando os funcionários a se unirem sobre seus valores e crenças compartilhadas, o que pode contribuir para estabelecer uma base comum entre diferentes grupos de pessoas dentro de uma organização, fornecendo uma estrutura para a compreensão das perspectivas e experiências uns dos outros.

Tudo isto pode levar ao aumento da confiança entre os colegas de trabalho, bem como à melhoria das habilidades de comunicação dentro das equipes ao permitir que os colaboradores expressem livremente suas crenças pessoais, resultando diretamente no aumento da diversidade das equipes, ao incentivar o acolhimento independente de raça, identidade de gênero ou orientação sexual.

Finalmente, eles acreditam que quando os funcionários se sentem seguros ao discutir estes tópicos, é mais provável que falem sobre outras questões como assédio e discriminação na empresa também.

Entretanto, se as discussões políticas se tornarem muito acaloradas ou pessoais, elas podem levar a conflitos entre colegas de trabalho que discordam uns dos outros em certas questões, e isto pode causar problemas no trabalho como a diminuição da produtividade ou o aumento das taxas de rotatividade entre funcionários que não estão se dando bem o suficiente.

As pessoas que acreditam que devemos evitar falar sobre política no trabalho dizem que isso só causará conflitos desnecessários dentro de uma organização. Elas argumentam que isso pode fazer com que alguns funcionários se sintam desconfortáveis em compartilhar suas próprias opiniões, porque não querem que outros ao seu redor discordem do que estão dizendo, ou ainda pode fazer com que sintam que não têm outra escolha senão alinhar com o que todos dizem para que as coisas fiquem calmas ao seu redor, mesmo que isso não seja o que aqueles desejam.

 

Por fim, mesmo com cada uma destas considerações e com as reflexões anteriores voltamos a questão inicial sem uma resposta definitiva. Afinal, empresa é, ou não é, lugar para discutir política?

O ambiente corporativo deve ser um lugar para discutir política

Atualmente estamos ampliando a consciência de “posicionamento e impactos” da existência de uma organização na sociedade, seja de forma regional ou global. E esse é um processo evidentemente progressivo que já ocorre há anos, como vimos na grande onda da Responsabilidade Social Empresarial ao final da década e 80 e, agora, com a disseminação dos conceitos de ESG.

Estamos atentamente revisando as formas de comportamento de muitas empresas, à medida que os nossos olhares se voltam para diversos núcleos de responsabilidade empresarial, como o aumento da degradação de indicadores climáticos e as flexibilizações legislativas, entre outros. E esse é um movimento crescente que já faz parte da pauta e dos valores de jovens das gerações Z e Y e de uma parcela significativa da sociedade.

Agora, cada vez mais empreendimentos parecem dispostos a reproduzir o que consideram boas práticas em Gestão Ambiental, Social e Governança. E é nesse caminho, que é dever das empresas abrir espaço para refletirmos sobre política.

Não convidar candidatos ou apoiadores políticos para palestrar ou ajudar no desenho do cenário competitivo para a sua indústria. Mas sim, promover espaços organizados de reflexão e debate sobre o que é o exercício da cidadania, incitar a preocupação com a construção do futuro e manutenção das condições de contorno para a sobrevivência da humanidade.

As empresas precisam ter a iniciativa de criar e debater o exercício político não pelo apoio à “A” ou “B”, mas para usar o seu alcance e poder de formação de pessoas, para que possamos aprender a acolher opiniões diferentes como formas de aperfeiçoar nossa própria opinião. Ou ainda, pela percepção dos benefícios de cultivar o pensamento divergente, de forma respeitosa e acolhedora.

Dentro da empresa podemos aprender o que é a estrutura dos poderes de nosso país, o que é o exercício da cidadania, deixar claro direitos e deveres, nos preocupar com a manutenção do ecossistema onde estamos inseridos e ampliar a consciência do nosso impacto coletivo no mundo. Com o auxílio das nossas estruturas corporativas podemos qualificar o discurso, promover as práticas de mediação e escuta ativa, buscando sempre a compreensão em primeiro lugar e não a polarização, aprofundando a reflexão em detrimento ao extremismo e a passionalidade. E este é o momento ideal para isso, pois as pessoas estão carentes pelas mais diversas discussões políticas, muitas vezes, participando ou interpretando dados e informações de forma equivocada ou parcial apenas por ignorância.

Portanto, pense, quão positivo será trazermos para dentro de nossas organizações um formato de debate que amplie perspectivas e promova a inclusão, para juntos, construirmos um futuro que possa ser melhor. O debate político já é tendência, e é nossa responsabilidade melhorá-lo!

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